quinta-feira, 29 de março de 2012

Telejornal revela ligações entre PMs da USP e PCC

Da Carta Capital
O "Jornal da Band" transmitiu uma matéria na noite desta terça-feira (27) com uma denúncia sobre o envolvimento de policiais militares e integrantes do crime organizado dentro da Universidade de São Paulo, entre outros locais. O jornalista Sandro Barboza divulgou trechos de um relatório de investigação da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, dentro da USP em maio de 2011, o qual afirma que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) paga “semanalmente elevados valores aos policiais militares que atuam na região”.

A morte do estudante dentro do campus da USP foi o pretexto utilizado pelo reitor Grandino Rodas para a implementação permanente de efetivos da PM no campus. O relatório sobre o caso, feito pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, foi arquivado justamente porque se tratava de um esquema da PM com os criminosos, segundo a reportagem. O relatório arquivado foi a base para a investigação da equipe de reportagem da emissora.

“Mesmo tendo recebido o documento, a Secretaria de Segurança Pública designou os policiais do 16o [DP] para fazer o patrulhamento na cidade universitária”, diz o jornalista na reportagem, em referência ao Departamento Policial que faz fronteira com a USP e com a Favela de São Remo.


A reportagem é baseada neste relatório e no depoimento de um ex-investigador do DHPP (não identificado) que teria ajudado neste caso. Ele afirma que “alguns trabalhos, com certeza o governador [Geraldo Alckmin], o secretário de Segurança Pública [Antônio Ferreira Pinto], o comandante-geral da PM [Coronel Álvaro Batista Camilo] têm ciência”. A edição da matéria sugere que o caso da USP seria um deles.


O intervalo de tempo entre a morte do estudante e a implementação do policiamento cotidiano na USP coincide com a finalização e o arquivamento do relatório da Polícia Civil. Ou seja, a decisão do reitor João Grandino Rodas foi simultânea à conclusão do relatório sobre a morte do estudante.


Criminalização

O convênio entre a Secretaria de Segurança Pública e a USP é de setembro de 2011, assinado por Ferreira Pinto e Rodas, mas apenas no dia 27 de outubro o movimento estudantil expressou com mais veemência sua contrariedade ao convênio, depois de a Polícia Militar deter três estudantes por supostamente portarem uma pequena quantidade de maconha. No mesmo dia, houve uma ocupação da sede da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), e policiais usaram bombas, balas de borracha e cassetetes contra estudantes.


No dia 11 de novembro, a PM entrou com um efetivo de 400 policiais e prendeu 73 estudantes que ocupavam o prédio da reitoria. Em seguida, o movimento estudantil ganhou força, realizou assembleias massivas e decretou greve. A Polícia Militar permaneceu atuando no local e novos conflitos já ocorreram.


As novas denúncias podem inverter o discurso que o reitor e o governo do Estado de SP conseguiram impor à sociedade, com ajuda de alguns meios de comunicação, de que os estudantes – usuários ou não de drogas – e o movimento estudantil são os criminosos contra os quais a policia deve estar em luta permanente. Se as informações da investigação estiverem corretas, poderão comprovar que os criminosos são os policiais militares do reitor Rodas, do Secretário Ferreira Pinto e do governador Geraldo Alckmin (PSDB).


A Carta Maior publicou matéria em novembro de 2011 (leia aqui) sobre a aposta da Secretaria de Segurança Pública em militares linha dura e a interferência da secretaria nas investigações do DHPP nos casos de mortes cometidas por policiais, registradas como “resistência seguida de morte”. Segundo os dados da própria secretaria, apenas 30% das investigações dessas ocorrências explicaram o ocorrido.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Não sejamos resignados

Levantemos companheiro.
Não sejamos resignados ao ponto
de pensar que o céu é o limite.
Você já viu o universo?

Tudo bem. Eu também não.
Mas não nos resignemos.
As pedras não estão paradas 
porque desenjam estar.

Não sejamos resignados, companheiro.
A tanta coisa linda a se fazer.

O quê?
Bom, primeiro, comecemos por mudar o mundo.
Como?
Amando-e-Lutando, sempre.
De que forma?
Juntos: Eu e Você!

Não sejamos resignados, companheiro.
Apenas começamos a viver.
Não sejamos resignados...
Pois aqueles que são,
estes a História não absolverá.


Tico - Militante e poeta do Espaço Socialista

segunda-feira, 12 de março de 2012

Meu cabelo é bom, ruim é o racismo!


Por Claudicea Durans, pelo Quilombo Raça e Classe do Maranhão

Este foi o tema do Ato Público organizado por diversas entidades do Movimento Negro, realizado na manhã de sexta-feira (9) em frente à escola pública Unidade Estado do Pará no bairro da Liberdade em São Luís- MA.

O ato que ganhou repercussão na imprensa local, aconteceu em função da estudante Ana Carolina Soares Bastos, de 19 anos, ser impedida de entrar na escola por conta de seu cabelo black power e só poderia regressar a escola quando mudasse o estilo de penteado.

A estudante comenta que ao chegar à escola foi surpreendida pela diretora falando que tinha se espantando com os seus cabelos e pediu que se retirasse da instituição, depois não satisfeita perguntou por que usava o “cabelo daquele jeito”. Ana Carolina que é engajada no movimento negro e participa de bloco afro, respondeu que é o seu estilo, sua identidade como negra. Este fato aconteceu no final do mês passado e veio à tona por conta de denuncias da própria estudante.

Esta não é a primeira vez que situações como estas ocorrem nesta escola, há vários relatos de alunos, bem como de organizações afro-culturais de que foram impedidas de realizarem atividades pedagógicas junto ao corpo discente. A agremiação Netos de Nanã, grupo do próprio bairro, relata que várias vezes tentou construir atividades culturais de matrizes africanas na escola, mas foi impedida pela direção, o que levou a aproximação com escolas em bairros mais próximos.

As atitudes da diretora, há várias décadas à frente da escola, demonstra autoritarismo, total desprezo pela cultura africana e afro descentes, despreparo e desrespeito para lidar com a diversidade pluriétnica e multicultural, sobretudo quando pouco interessa para sua gestão a interlocução com a comunidade no qual se encontra a escola. Ela se situa no bairro da Liberdade, bairro este com maior população negra de São Luís, considerado pelo movimento negro como o maior quilombo urbano do Maranhão, rico em manifestações culturais de origem africana.

Caso como este não é isolado, negros e negras tem vivenciado situações de humilhações e ofensas raciais diariamente em diferentes espaços públicos e que se expressam em distintas formas como: piadas racistas, batidas policiais, agressões físicas e morais, que muitas vezes não são denunciadas pelo constrangimento, humilhação, tristeza, frustrações e revoltas que causam às pessoas que as denunciam, mas precisam ser denunciadas para que sirvam de exemplos e possam de fato serem punidas já que o racismo é crime inafiançável e imprescritível.

O racismo tem diferentes facetas. A utilização de estereótipos negativos e a ridicularização das caracterís
ticas e tratos físicos é mais um aspecto desse racismo, que é em nossa análise, ao mesmo tempo silencioso, cruel e violento, age para negar a identidade negra, destruir os valores culturais, históricos e físicos desta população, destruindo a sua autoestima.

O fato dessa atitude discriminatória ter ocorrido na escola nos remete a reflexão que esta situação é comum no ambiente escolar e que a escola tem sido historicamente um instrumento de reprodução das ideologias dominantes, sendo o racismo, mais um elemento para garantir a opressão e a exploração sobre os negros.

A escola que deveria ser o espaço acolhedor de diferentes grupos étnicos, garantindo a todos igualdade,
liberdade de opinião, de culturas e identidades, exclui as camadas populares, nega sua história e constrói visões de mundo elitista, além de quem muitos negros (as) não tem acesso a ela.

Nós do Movimento Negro Quilombo Raça e Classe consideramos importante não só denunciar as práticas racistas, mas também as estruturas de poder que relegam ao negro a lugar da inferioridade.

Pelo Fim do Racismo!

domingo, 11 de março de 2012

Chega de SUFOCO! Contra o aumento da tarifa do metrô!


ANEL SP contra o aumento da tarifa do metrô!

O PSDB começou o ano de 2012 mostrando a que veio: garantir o privilégio dos poderosos, atacando os direitos dos trabalhadores e jovens. O mesmo governo que orquestrou as medidas de limpeza social e guerra aos pobres na favela do Moinho e na Cracolândia e com a reintegração de posse do Pinheirinho, agora impõe junto a empresa do metrô, mais um aumento abusivo da tarifa do metrô. Nos últimos 17 anos, a tarifa do Metrô cresceu 275%, saltando de R$ 0,80 para os atuais R$ 3. Porém, sua estrutura ainda está muito aquém das necessidades de um transporte de qualidade. A realidade de quem usa o metrô todos os dias é sufoco completo! A falta de investimento em novas linhas, estações e trens não acompanhou o crescimento populacional urbano, o que está levando ao caos diário no uso do metrô.

Mais uma vez a população vai pagar uma conta que não é sua. A prefeitura e governo estadual têm suas campanhas eleitorais financiadas por empresários do transporte que aguardam ansiosamente o início do ano, quando têm esse “favor” devolvido. Os trabalhadores e a juventude sofrem seriamente as consequências desses aumentos. Ter acesso ao emprego, educação, saúde, cultura e lazer significa também garantir que o povo tenha condições de se locomover nas cidades. O transporte público é um direito da população e um dever do Estado.

Desde a década de 1960, as empresas de transporte começaram a tomar conta deste setor e com isso o que passou a vigorar sobre as tarifas, a estrutura dos ônibus e metrô, as condições de trabalho dos metroviários e rodoviários, foi a lógica do lucro. Ao mesmo tempo em que as linhas são insuficientes, com os transportes super lotados, com péssimos salários aos trabalhadores do setor, as passagens estão ficando cada vez mais caras. A privatização tomou conta do transporte público brasileiro, transformando um direito da população em uma mercadoria cada vez mais cara.

Diante dessa realidade, qualquer aumento na tarifa seria absurdo! Junto à luta justa contra o aumento das tarifas levantamos também a bandeira do Passe Livre para a juventude e para os desempregados como parte importante da garantia do acesso ao emprego, educação, saúde, cultura e lazer. O direito ao Passe Livre é uma responsabilidade do Estado, portanto, o governo de Dilma Roussef deveria emitir uma Lei Nacional que garanta a existência e o financiamento desse direito para todos os jovens e desempregados.

A ANEL SP se coloca categoricamente contra o aumento da tarifa do metrô! Os trabalhadores deveriam pagar tarifas que estivessem de fato relacionadas à manutenção do transporte, o que seria possível se o Estado fosse o responsável por garantir esse direito à população. O povo trabalhador e a juventude devem ser prioridade, não os grandes lucros das empresas!

- Chega de SUFOCO! Contra o aumento da tarifa do metrô!
- Passe Livre Já Brasil! Para estudantes e desempregados!
- Estatização imediata do Transporte público!

Sente-se deprimido?

sexta-feira, 2 de março de 2012

Matéria da Carta Capital sobre o avanço da extrema-direita por meio do Facebook

Internacional


Gabriel Bonis

Suécia e Hungria

02.03.2012 09:02

Extrema-direita ganha espaço com “recrutas atuantes” no Facebook

Na eleição de 2010, o partido Democratas Suecos (DS), de origem neonazista, conseguiu mais de 340 mil votos e pela primeira vez em sua história emplacou 20 deputados no parlamento da Suécia. Na Hungria, o Jobbik tornou-se a legenda de extrema-direita mais bem sucedida das últimas duas décadas, com apenas nove anos de criação e defesa do nacionalismo extremo e visões antissemitas e anti-Roma (ciganos).
Os cenários acima descritos têm ganhado força na Europa, principalmente com o uso do Facebook para atrair participantes (jovens, se possível) a grupos populistas. “A internet e as redes sociais são ferramentas incríveis de recrutamento, mas as legendas tradicionais sentem que não precisam se esforçar neste sentido”, explica Jonathan Birdwell, pesquisador sênior dothink tank britânico Demos e um dos autores de dois estudos a analisar as posições de apoiadores no Facebook de partidos de extrema-direita na Suécia e Hungria.
“Os partidos tradicionais estão errados e precisam perceber o quão importante essa e outras mídias sociais são. Não podem confiar apenas nas formas comuns de apoio”, completa, em entrevista a CartaCapital.


Democratas Suecos conquistam espaço no parlamento divulgando sua retórica de forma astuta pelo Facebook, rede social em que conquista milhares de seguidores. Foto: Håkan Dahlström/Flickr


Na Suécia, onde 567 pessoas participaram do estudo, os seguidores do partido no Facebook somam 16,6 mil indivíduos, contra 4,6 mil membros oficiais da legenda. Proporção semelhante também pode ser vista na Hungria, que contou com 2,2 mil respondentes. Os números são apenas um indicativo do poder das redes sociais na divulgação da retórica populista.
Um exemplo, aponta o estudo, são os mais de 23 mil ”curtir” da página pessoal de Jimmie Åkesson, líder do DS, contra os 2,8 mil de Fredrik Reinfeldt, atual primeiro ministro do país escandinavo. “Os novos movimentos políticos são mais astutos em tentar atrair público e ao venderem a imagem de partidos legítimos e jovens, dispostos a dizer o que os políticos tradicionais sequer ousam, sem se importar com as consequências disto.”
O resultado da pesquisa indica que os seguidores online do partido sueco – dois terços deles entre 16 e 20 anos, quase o dobro da média europeia – atuam também no mundo real: 46% são membros formais do DS e 20% estiveram em manifestações da legenda nos últimos seis meses, quatro vezes mais que o normal na Suécia.
Além disso,  os analisados acreditam na política como forma efetiva de responder a suas preocupações (63% votaram no partido em 2010), um cenário a gerar especulações sobre uma ampliação considerável da base atual do partido de 5,7% para 9% na próxima eleição. “Essa porcentagem deve subir, pois há uma grande parcela de jovens que ainda não podiam votar no último ciclo, mas já expressavam sua posição pelo partido.”
Violência
Em meio à eficiente difusão via Facebook da retórica de extrema-direita destes partidos, o estudo identificou que apenas 14% dos apoiadores da legenda sueca consideram a violência aceitável para se chegar a um objetivo, contra 26% na Europa. Por outro lado, na Hungria, 39% dos seguidores do Jobbik acreditam no uso justificável da força.
Birdwell exemplifica essa visão com base no comportamento da Guarda hungára, que manteve relações com o Jobbik. “Ela usa a intimidação ao colocar uniformes e agir como uma organização paramilitar, marchando em bairros de minorias.”
Leia mais:
Seguidores de DS e Jobbik na rede social também mostraram baixos níveis de confiança pessoal e institucional, o que indicaria um caminho para o surgimento de indivíduos violentos. O estudo da Demos cita evidências da Pesquisa de Cidadania do Reino Unido a sugerir que esse tipo de comportamento está relacionado à probabilidade de extremismo.
“Pessoas que sentem a ausência de uma forma de expressar suas preocupações pacífica e democraticamente, passarão a crer no uso justificável da violência, principalmente se acreditarem nas visões e propagandas de grupos populistas.”
Um dado interessante, destaca o pesquisador, é que cerca de 22% dos apoiadores do Jobbik no Facebook possuem diploma de curso superior e estão menos propensos a ficar sem emprego que a média nacional: 25% dos húngaros abaixo de 25 anos estão desempregados, contra apenas 10% dos fãs do partido. Ainda assim, eles defendem lemas antissemitas e anticiganos.
Um comportamento pouco usual, mas evidente em momentos de dificuldades para se encontrar postos de trabalho. “Esses indivíduos não parecem ser os perdedores da globalização, o que indica a presença de visões de extrema-direita na classe média húngara e entre jovens educados.”
Os seguidores de ambos os partidos também demostraram preocupação em proteger sua cultura e identidade e, por isso, enxergam a União Europeia como uma ameaça. “Esses grupos não acham que as culturas devem se misturar, uma das premissas do bloco e da globalização. Querem manter na Europa, Estados heterogêneos.”