sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A mídia é da burguesia

Wikileaks aponta Wiliam Waack como

informante do governo dos EUA


O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo americano, segundo post do blog Brasil que Vai - citando documentos sigilosos trazidos a público pelo site Wikileaks há pouco menos de dois meses.
De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”.
- Por essa razão é que se sentiu à vontade de protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.
O post informa que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte- americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” - no que seria um caso de “infiltração da CIA [a agência norte-americana de inteligência] nas instituições do país”.
O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”.
Wikileaks suspende operações
O site WikiLeaks anunciou nesta segunda-feira (24) a suspensão temporária da difusão de documentos confidenciais e sigilosos para concentrar-se na arrecadação de fundos que permitam garantir a futura sobrevivência.
A página criada por Julian Assange afirma em um comunicado que se vê forçada a “suspender temporariamente as operações de publicação e a arrecadar fundos agressivamente para contra-atacar”, após o bloqueio de seus recursos pelas operadoras de cartões de crédito e outras empresas.
Companhias americanas suspenderam transações com o site após a publicação de 250 mil documentos do Departamento de Estado americano, o que causaria restrições a essas empresas.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O que deve ser um jovem comunista

Che Guevara



Conferência pronunciada na União de Jovens Comunistas em 20 de Outubro de 1962 e publicado em Verde Olivo, ano 3, nº 43, 28 de Outubro de 1962
Quero formular agora, companheiros, qual é a minha opinião, a visão de um dirigente nacional das ORI, do que é que deve ser um jovem comunista, a ver se estivermos de acordo todos.
Eu acho que o primeiro que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que sente por ser um jovem comunista. Essa honra que o leva a mostrar perante todo o mundo a sua condição de jovem comunista, que nom o vira para a clandestinidade, que nom o reduz a fórmulas, mas que o exprime a cada momento, que lhe sai do espírito, que tem interesse em demonstrá-lo porque é o seu símbolo de orgulho.
Junto disso, um grande sentido do dever para a sociedade que estamos a construir, com os nossos semelhantes como seres humanos e com todos os homens do mundo. Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Ao pé disso, uma grande sensibilidade ante todos os problemas, grande sensibilidade face à injustiça. Espírito inconformado cada vez que surge algo que está mal, tenha-o dito quem o disser. Pôr em questão todo o que nom se perceber. Discutir e pedir esclarecimentos do que não estiver claro. Declarar a guerra ao formalismo, a todos os tipos de formalismo. Estar sempre aberto para receber as novas experiências, para conformar a grande experiência da humanidade, que leva muitos anos a avançar pela senda do socialismo, às condições concretas do nosso país, às realidades que existem em Cuba. E pensar -todos e cada um- como irmos mudando a realidade, como irmos melhorando-a.
O jovem comunista deve tentar ser sempre o primeiro em tudo, lutar por ser o primeiro, e sentir-se incomodado quando em algo ocupa outro lugar. Lutar sempre por melhorar, por ser o primeiro. Claro que não todos podem ser o primeiro, mas sim estar entre os primeiros, no grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser o espelho onde possam olhar-se os homens e mulheres de idade mais avançada que perderam certo entusiasmo juvenil, que perderam a fé na vida e que ante o estímulo do exemplo reagem sempre bem. Eis outra tarefa dos jovens comunistas.
Junto disso, um grande espírito de sacrifício, um espírito de sacrifício não apenas para as jornadas heróicas, mas para todo o momento. Sacrificar-se para ajudar o companheiro nas pequenas tarefas e que poda cumprir o seu trabalho, para que possa cumprir com o seu dever no colégio, no estudo, para que possa melhorar de qualquer maneira. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia.
Quer dizer: apresenta-se a todo jovem comunista a tarefa de ser essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime ao melhor do humano, purificar o melhor do homem por meio do trabalho, do estudo, do exercício de solidariedade continuada com o povo e com todos os povos do mundo, desenvolver ao máximo a sensibilidade até se sentir angustiado quando um homem é assassinado em qualquer canto do mundo e para se sentir entusiasmado quando em algum canto do mundo se alça uma nova bandeira de liberdade.
O jovem comunista não pode estar limitado pelas fronteiras de um território, o jovem comunista deve praticar o internacionalismo proletário e senti-lo como coisa de seu. Lembrar-se, como devemos lembrar-nos nós, aspirantes a comunistas cá em Cuba, que somos um exemplo real e palpável para toda a nossa América, para outros países do mundo que lutam também noutros continentes pela sua liberdade, contra o colonialismo, contra o neocolonialismo, contra o imperialismo, contra todas as formas de opressão dos sistemas injustos. Lembrar sempre que somos um facho acesso, que somos o mesmo espelho que cada um de nós individualmente é para o povo de Cuba, e somos esse espelho para que se olhem nele os povos da América, os povos do mundo oprimido -que lutam pela sua liberdade. E devemos ser dignos desse exemplo. Em todo o momento e a toda a hora ser dignos desses exemplos.
Isso é o que nós julgamos que deve ser um jovem comunista. E se se nos dissessem que somos quase uns românticos, que somos uns idealistas inveterados, que estamos a pensar em cousas impossíveis, e que nom se pode atingir da massa de um povo que seja quase um arquétipo humano, nós temos de contestar, uma e mil vezes, que sim, que sim se pode, que estamos no certo, que todo o povo pode ir avançando, ir liquidando intransigentemente todos aqueles que ficarem atrás, que nom forem capazes de marcharem ao ritmo a que marcha a revolução cubana. Tem de ser assim, deve ser assim, e assim é que será, companheiros, será assim, porque vocês som jovens comunistas, criadores da sociedade perfeita, seres humanos destinados a viver num mundo novo de onde terá desaparecido de vez todo o caduco, todo o velho, todo o que representar a sociedade cujas bases acabam de ser destruídas.
Para atingirmos isso cumpre trabalhar todos os dias. Trabalhar no senso interno de aperfeiçoamento, de aumento dos conhecimentos de aumento da compreensão do mundo que nos rodeia. Inquirir e pesquisar e conhecer bem o porquê das coisas e colocar sempre os grandes problemas da Humanidade como problemas próprios.
Nm momento dado, num dia qualquer dos anos que venham após passarmos muitos sacrifícios, sim, depois de termo-nos porventura visto muitas vezes à beira da destruição- após termos porventura visto como as nossas fábricas som destruídas e de tê-las reconstruído de novo, depois de assistirmos ao assassinato, à matança de muitos de nós e de reconstruirmos o que for destruído, ao fim de isso tudo, um dia qualquer, quase sem repararmos, teremos criado, junto dos outros povos do mundo, a sociedade comunista, o nosso ideal.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Documento revela 'arapongagem' na USP

 Monitoramento foi um dos assuntos debatidos na audiência pública na AL

Fonte: Caros Amigos

Documento que chegou às mãos do deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL-SP) durante a audiência pública que aconteceu nesta segunda-feira, 28, na Assembleia Legislativa, sobre a presença da PM no campus da USP, aponta que reuniões do Sindicato dos Trabalhadores da USP, o Sintusp, e da Associação dos Docentes da USP, a Adusp, teriam sido monitoradas. Não foi revelado quem estaria no comando desse monitoramento.

Para o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, que representou os trabalhadores da USP na audiência, o monitoramento das atividades sindicais é um fato gravíssimo. Ele acredita que há a possibilidades de que escutas tenham sido instaladas nas sedes das entidades. “Vamos ter de começar a fazer nossas reuniões fora do Sindicato”, desabafa.

Transcrições

O documento não foi apresentado à imprensa, o deputado Gianazzi afirmou que pretende verificar a veracidade das informações. Há, segundo a denúncia, transcrições das falas de dirigentes do Sintusp e da Adusp e representantes do Fórum das Seis, entidade que reúne os sindicatos e as associações de docentes das três universidades públicas paulistas, Unicamp, Unesp e USP.
Para o vice-presidente da Adusp, César Minto, é preciso analisar a denúncia. “Precisamos saber de onde partiu e o que isso significa.” Ele informa que vai remeter o caso ao departamento jurídico da entidade. De acordo com dirigente, o nível de autoritarismo presenciado na USP é preocupante. “Não há diálogo. A reitoria não responde nem mesmo aos ofícios que são encaminhados”, critica o docente, que também leciona na Faculdade de Educação.

Sem moral

“É um desprezo repetido e reiterado”, alfineta o diretor do Diretório Central dos Estudante, Tiago Aguiar, ao se referi à postura de Rodas. A entidade defende a saída do reitor do cargo. “Ele não tem autoridade moral para dirigir a USP”, afirma o estudante ao comentar o fato de a PM ter sido chamada por Rodas para reprimir os estudantes que ocupavam a reitoria da universidade.

Rafael Alves, um dos 73 alunos presos durante a invasão da PM à reitoria, também defende a saída do reitor. Ele destacou a forma repressiva como a reitoria da USP tem se comportado em relação aos ativistas que atuam na universidade. “São mais de 50 processos contra estudantes e funcionários. E provavelmente os 73 (detidos) também serão processados.”

Policial

Uma dirigente do Sintusp também denunciou que o chefe da Guarda Universitária, o investigador de polícia Ronaldo Penna, seria um dos donos de uma das empresas terceirizadas que presta serviços à Universidade.

O reitor João Grandino Rodas não compareceu à audiência. A assessoria da USP alegou incompatibilidade de agenda. Gianazzi pretende aprovar a convocação do reitor da USP para prestar esclarecimentos nas comissões de Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente. Para isso, precisará convencer os deputados da base governista a dar o aval para a convocação.

Se as convocações forem aprovadas, Rodas será obrigado a comparecer à Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre acusações, por exemplo, de improbidade administrativa. João Grandino Rodas foi indicado pelo então governador de São Paulo, José Serra. Ele foi o segundo colocado de uma lista tríplice contrariando o que é de praxe - que o primeiro colocado da lista encaminhada ao governador seja o nome chancelado.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A USP É NOSSA - O Humor discutindo muito bem a repressão na USP


Rola muita confusão quando o Reitor, o Universitário e a Mídia se encontram no banco da praça.

Atores: Bruno Lottelli, Matheus Rufino e Murilo Alvesso
Câmera: João Pedone

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A patafísica e o uso da força da PM

Em:  http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/

Sempre reparo no exagero e no desperdício de forças quando a Polícia Militar usa duas, três viaturas para acabar, por exemplo, com uma festinha caseira em SP.
Poderia ser melhor distribuído esse aparato, afinal de contas a festa, mesmo quando de arromba, não deixará mortos e feridos.
Até os românticos sabiás da madruga de SP sabem que a simples ronda de uma viatura previne contra muita bagaceira criminal por ai. Manda uma viatura para a festinha, se é que é o caso, e libera as outras para o resto da cidade.
Nunca entendi mesmo a tabuada que a Secretaria de Segurança Pública de SP utiliza para os seus cálculos.
Um atento leitor deste blog me chama a atenção agora para um destas contas da calculadora patafísica.
Na super, mega, ultra operação de retirada dos estudantes da reitoria da USP, a PM pôs uma volante com 400 homens da sua tropa de choque. Não contemos os cães, estes não pensam, apenas obedecem às sinetas de Pavlov. Do outro lado: 70 alunos.
Mais de cinco para cada “elemento invasor”. Quando a ocupação é de sem-teto, por exemplo, a proporção se repete ou supera.
O clássico do próximo domingo no Pacaembu, Corinthians x Palmeiras, tem estimativa de público de 37,8 mil pessoas.
Continuemos aplicando, por favor, os métodos da ciência patafísica nas nossas contas.
Pois saiba que o plano da PM para o jogão superlativo do Brasileirão é de reforçar o policiamento. A promessa é de escalar entre 200 e 300 homens. O normal é o uso de 100.
Repare no que disse o coronel Walmir Martini, um dos responsáveis pela segurança do clássico, nesta Folha.com.:
“Este é o jogo de maior perigo no ano e o que nos demanda a maior atenção". "Nossa preocupação é o Palmeiras evitar o título do Corinthians. Teremos um barril de pólvora ali."
Paz aos homens de boa vontade. Dentro e fora de campo. Só queria entender essa tabuada militar.
Algum fã aí da sabedoria patafísica, corrente à qual sou filiado desde o berço, me explica?
Em troca, esse generoso blog diz, para quem ainda não sabe, que a patafísica vem a ser a ciência das soluções imaginárias e das leis que regulam as exceções. Foi criada pelo dramaturgo francês Alfred Jarry (na ilustração acima), em 1907.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

RESENHA DO LIVRO "O COMBATE SEXUAL DA JUVENTUDE" DE WILHELM REICH


Para além da miséria sexual
 
Por Diana Assunção
Diretora do Sintusp e dirigente da LER-QI
Resenha publicada na Revista Contra a Corrente [Ano 3, nº 6 - 2011] das Edições Centelha Cultural. 

Neste último mês veio a público “O combate sexual da juventude”, de Wilhelm Reich, comentado por Gilson Dantas, médico, militante setentista, editado pela Centelha Cultural. O livro lança luz sobre uma série de questões, e a primeira que aponto é: qual o espaço do debate da sexualidade entre a própria esquerda? Já é de praxe que entre os setores da esquerda, da centro-esquerda e progressistas o debate da opressão seja um tema teoricamente importante. O teoricamente se dá pelo fato de que, na prática, o lugar relegado às opressões não expressa sua importância, pois na maioria das vezes encontra-se à margem da política. Além disso, a luta contra a opressão é quase sempre encarada desde um ponto de vista “reivindicativo”, no que diz respeito às demandas democráticas – em sua maioria mínimas, elementares – ou diretamente à idéia “maximalista”, ainda que correta, de que “só com a revolução socialista se acabará com a opressão”.

Há muito que os marxistas e revolucionários não colocam como parte do combate à opressão, um combate pelo direito à livre sexualidade. É de notar-se, inclusive, que mesmo nos espaços da esquerda o sexo passa a ser um “tabu”, como muitas vezes o é, ainda que “do avesso”, entre a burguesia. Qual foi a última manifestação em que vimos uma bandeira ou uma música que pedia o “direito ao prazer sexual”? Qual foi o último encontro, da juventude, em que discutiu-se sexo e amor? Pelo menos em nosso país não é fácil recordar-se. Daí que chegamos numa triste constatação de que a luta contra a opressão muitas vezes se perde no “reivindicativo” impossibilitando-se de ir até o mais profundo do que significa o controle sexual na sociedade capitalista, que transcende inclusive o tema da opressão em si.

Então para questionar – no mínimo – o fato de que as discussões de sexualidade são adendos nos programas da esquerda, dos sindicatos e de movimentos sociais, e na maioria das vezes estão relegados a espaços “próprios”, onde o oprimido se encontra com outros oprimidos para debater – este processo na maioria das vezes leva ao inverso do que se busca, ao contrário do espaço mais “livre”, que certamente é necessário, leva-se a uma lógica vitimizada do oprimido, mesmo daquele que já deu um passo adiante em sua consciência de classe e compreende que o capitalismo é miserável, principalmente para as mulheres, negros e homossexuais. É para questionar esta idéia que venho saudar a iniciativa da publicação do livro de Wilhelm Reich, onde Gilson Dantas se coloca a tarefa de, desde uma perspectiva marxista revolucionária, “beber da fonte” de Reich e suas idéias, bastante controversas para a época, sobre a sexualidade.

Apesar de ter uma série de publicações mais conhecidas, como “A função social do orgasmo” e “A revolução sexual”, é neste pequeno livro “O combate sexual da juventude” que Reich irá problematizar a questão da sexualidade entre os jovens, desde as questões mais elementares como prevenção e direito ao aborto, até o questionamento da idéia de sexo enquanto reprodução, contrapondo-o à idéia de sexo enquanto fonte de prazer. A isso, Reich pergunta “Mas podemos nós, atualmente, nas condições atuais do capitalismo , dizer à juventude de uma maneira geral: ‘Podeis ter tranquilamente relações sexuais’? Não, não podemos, porque lhe falta todas as condições”.

Reich, que era um militante do Partido Comunista Alemão, defende a tese de que a sexualidade somente será totalmente livre com a Revolução Socialista – ainda que, ao não compreender a situação de degeneração que passavam os PC´s pós-URSS acabava tornando abstrata esta idéia. Daí a importância de uma leitura marxista revolucionária, como apresenta Gilson Dantas nesta publicação, alertando ao leitor tanto sobre questões que já foram superadas como também por aspectos da teoria de Wilhelm Reich que não condizem com o marxismo, negando a dialética. É este o caso, por exemplo, como insiste Dantas, da unilateralização sobre a libertação sexual e a decadência da burguesia.

Mas ao mesmo tempo, Reich demonstra, ao longo do livro, como a sexualidade é parte intrínseca da dominação capitalista, da alienação. “Seria um grande erro acreditar que são assuntos privados sem interesse, porque eles se enraízam na nossa ordem sexual, e na nossa educação capitalista; corrompem a nossa juventude tornando-a além disso muito frequentemente incapaz de lutar”. Aqui podemos recorrer à Gramsci, em “Americanismo e fordismo”, quando também demonstra que, para além da dupla jornada, já conhecidamente um mecanismo que combina opressão e exploração, o controle sobre o tempo livre dos operários e operárias, assim como sobre seu corpo e sexualidade, passam a ser parte da exploração. Gramsci apontava que o industrialismo fordista organizava uma série de campanhas no interior das fábricas, combatendo o alcoolismo e sugerindo a “vida em família”, como forma de manter melhores condições de trabalho.

No “Combate...”, Reich chega a desenvolver aspectos terminados de programa como a distribuição gratuita e generalização da informação sobre métodos contraceptivos, o direito ao aborto, alojamentos para que os jovens possam se independizar de suas família e terem espaço também maior de liberdade sexual, mas vê como essencial para uma juventude revolucionária alimentar-se do mais feroz combate por sua sexualidade, questionando não somente os ditames da ideologia burguesa (sexo como reprodução, hipocrisia nas relações, etc) e suas instituições (família burguesa, casamento, Igreja) como buscando uma nova ideologia, ligada à idéia da Revolução Socialista. Assim Reich coloca o combate sexual da juventude no marco da luta anticapitalista: “Antes da revolução não podemos ajudar muito a massa dos jovens de um ponto de vista sexual, mas é preciso politizar a questão, é preciso transformar a rebelião sexual da juventude, secreta ou aberta, numa luta revolucionária contra a ordem social”. Recentemente o Centro de Estudos Leon Trotsky, da Argentina, publicou o livro “O estado, a mulher e a revolução” da norte-americana Wendy Goldman, que lançou luz sobre estas idéias.

Afinal, é possível ser revolucionário nas relações pessoais, no amor e no sexo, vivendo numa sociedade capitalista? Para isso, Goldman buscou estudar o pós-tomada do poder na Rússia revolucionária e como os bolcheviques encaravam o problema das relações pessoais, do modo de vida, que Trotsky em sua “Teoria da Revolução Permanente”, terminada em 1928, irá caracterizar como parte da lei geral da revolução, quando esta vive sua “metamorfose” interna, contra todos os preconceitos capitalistas que, materialmente destruídos, ainda vivem nos corações e mentes da população.

Mas se hoje não existem as bases econômicas para se realizar o amor livre – e entende-se por amor livre justamente o exercício de um sentimento, não de forma individualista, mas de forma social, livre de todas as relações capitalistas e econômicas que o aprisionam – buscar desconstruir toda a ideologia burguesa em torno do amor, em torno da sexualidade e das relações é um exercício necessário aos revolucionários para, como parte da estratégia decidida pela insurreição proletária, questionarem-se mais profundamente – já que são parte da construção de um mundo novo.

Então, voltar “à Reich” com o olhar marxista, deve ser encarado como parte deste exercício, de recolocar o tema da sexualidade como um aspecto das transformações humanas que almejamos. A burguesia, dizia Reich, não é capaz de encabeçar esta transformação, já que a sociedade capitalista se delicia sobre a opressão do corpo, da sexualidade, a castração da juventude, o medo diante do prazer, a vergonha, o ciúmes, e todos os sentimentos que, em última instância, fazem parte da manutenção de um status quo da família, do estado e sua propriedade privada. Aqui vale ressaltar que Reich, apesar de não condenar ou perseguir a homossexualidade, apresentava posição equivocada, preso à heteronormatividade, caracterizando-a como uma doença. Mesmo com esse equívoco determina que nenhum homossexual pode ser "forçado" a qualquer tratamento (psicanálise) e ninguém pode ameaçar, denunciar ou extorquir os homossexuais. Nesta passagem é fundamental, no livro, levar em conta os comentários de Gilson Dantas.

Por tudo isso, a leitura de “O combate sexual da juventude” é necessária, e devemos buscar inaugurar na esquerda o estudo sobre estes temas que, no profundo da individualidade de cada um, sejam trabalhadores ou trabalhadoras, jovens, estudantes, ocupam grande parte de seus pensamentos já que esta sociedade nos relega enorme miséria nos campos da sexualidade, do amor, das relações pessoais. Como disse Lenin à revolucionária alemã Clara Zetkin “O comunismo não deve trazer o ascetismo, mas a alegria de viver, o vigor, e isso tem a ver com uma vida amorosa plena”. A juventude, em especial, deve se lançar, correndo o risco de errar, sobre estes problemas da vida. Certamente estará mais preparada para revolucionar o mundo, para arrancar o seu futuro, para tomar o céu de assalto com a classe trabalhadora.    



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Criminalizar para poder higienizar

Por Thais Menezes
Temerosos dos ascensos populares motivados pelos ataques aos direitos dos trabalhadores nas economias centrais, com as ameaças dos pacotes de medidas de austeridade, os Governos de todo o mundo têm respondido às mobilizações do povo com muita repressão, autoritarismo e violência, tentando retomar o “controle” da situação.  Neste contexto, manifestações de cunho fascista, xenófobo, homofóbico, higienista e ditatorial têm tomado força e aproveitado as dificuldades impostas pela crise para tentar se colocar como alternativa política e garantir que a sociedade continue sendo comandada cada vez mais por uma minoria.
Nota-se que para além de manifestações individuais ou de grupos de extrema direita, nos últimos tempos temos assistido com maior frequência tentativas de consolidação de políticas autoritárias pelos próprios governos. Em São Paulo, apoiando-se no discurso de acabar com a corrupção, desde 2008, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tem iniciado a “coronelização” de sua gestão. Dos 31 subprefeitos da cidade, 25 são oficiais reserva da Polícia Militar.
 Em momentos de crise, o perigo de cair em engodos tem seu potencial aumentado pelo desespero causado pelas dificuldades materiais, assim, a população tende a legitimar mais facilmente políticas repressivas. A burguesia e seus governos, maiores interessados na aplicação de tais políticas, cavam sua legitimação por meio de pequenas e aparentemente inofensivas ações, plantando cuidadosamente sementes para colher o apoio popular à aplicação de políticas futuras.
Um exemplo disto é a tentativa de aplicação da política de internação compulsória para usuários de drogas em situação de rua. No Rio de Janeiro a política já está sendo aplicada e vemos uma verdadeira guerrilha urbana onde pessoas que moram nas ruas são caçadas arbitrariamente por Guardas Civis Metropolitanos e Policiais Militares e jogadas em camburões com destino a clínicas de reabilitação parceiras da prefeitura. Em São Paulo, setores interessados na política já buscam sua aprovação. Não há, porém, uma política social posterior à internação destas pessoas, com garantias que possibilitem uma real mudança de vida, evidenciando que o Estado posteriormente as jogará novamente onde as encontrou, na sarjeta, suscetíveis às mesmas violências e carências de antes de sua captura para o “tratamento”.
Mas o interesse de alguns setores na boa aceitação por parte da população da política de internação compulsória é tão grande que fez a mídia se afundar recentemente em uma intensiva empreitada já desde o início do ano na tentativa de demonizar a imagem da população em situação de rua por meio de programas de TV, especiais sobre  a cracolândia paulista, etc. O processo de passar uma imagem que animalize estas pessoas começa por tentar convencer a todos que elas são todas violentas, criminosas e completamente fora-de-si, incapazes de responder pelos seus atos, ou seja, representam uma verdadeira ameaça à sociedade. Nesta lógica se propaga a ideia de que alguém precisa as controlar, mesmo que forçadamente.
Porém, quem trabalha ou convive com pessoas em situação de rua sabe que sua realidade é muito mais multifacetada do que mostra a TV. Estas pessoas passam seus dias, como qualquer um, em atividades variadas, têm vontades variadas, como qualquer outro ser humano. Porém, suas formas de sustento são peculiares à situação de miséria em que vivem nas ruas. Diferente de um trabalhador comum, as formas de sustento dessa população a expõe a situações de risco ainda maiores, mas o interessante é que, dentre estas formas, a mendicância e a prostituição são muito mais largamente utilizadas para manter a subsistência e alimentar os vícios nas ruas do que o furto, por exemplo, tão alardeado pela mídia ultimamente, usado como ferramenta de demonização de crianças e adolescentes em situação de rua no tão explorado caso das meninas que furtavam na região da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. Reportagens como estas, são, portanto, apenas recortes cuidadosamente selecionados que mostram imagens apelativas e montagens tendenciosas de fatos acontecidos nas ruas que não condizem com a totalidade da vida destas pessoas que as habitam, abrindo assim espaço para a legitimação de políticas de higienização que só favorecem os interesses de minorias.
A especulação imobiliária, por exemplo, está de olho nos terrenos da área central da cidade já há tempos, e a população de rua representa um grande obstáculo aos seus projetos lucrativos. Grandes contratos com proprietários de clínicas de tratamento para a drogadição já estão fechados em São Paulo e preveem o pagamento por parte da prefeitura de cerca de R$ 2000 por mês por cada criança capturada nas ruas e internada compulsoriamente em um de seus leitos.
Representantes da burguesia no governo defendem políticas repressivas e ditatoriais como esta para supostamente resolver um problema social complexo como este usando como muleta o falso discurso do “cuidar”, principalmente quando o assunto é crianças e/ou adolescentes. Em situação de rua.  A questão que não pode ser esquecida para que o debate seja de fato coerente é que ninguém quis saber de cuidar dessas pessoas durante o decorrer de toda a sua vida, ninguém às garantiu saúde, nem educação, muito menos moradia digna. O agravante aparece no fato de que a garantia destes direitos por meio de investimentos maiores na saúde, educação e habitação não só à população em situação de rua, mas também a todos os trabalhadores claramente não está nos projetos prioritários de nenhum governo em um sistema capitalista.
Outra manifestação da militarização do Estado e do avanço nas políticas repressivas é a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio de Janeiro. Sob o pretexto de enfrentar o narcotráfico, esta política instala unidades militares que formam nitidamente um cordão de isolamento e sitiam a população mais pobre, mantendo-a longe das áreas mais nobres da cidade e principalmente dos locais que serão utilizados pelo turismo esportivo dos grandes eventos que o Brasil irá sediar nos próximos anos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. As UPPs são a legitimação de uma vigia permanente das favelas por parte do Estado e abrem espaço para uma atuação ainda mais arbitrária e violenta da polícia frente ao povo pobre.
As UPPs são uma grande expressão do caráter anti-democrático e higienista das medidas que tem sido aplicadas pela burguesia para resolver os problemas que possam vir a afetar seus lucros. Recentemente o exercito foi autorizado a inclusive revistar as casas dos moradores do Conjunto do Alemão e da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, configurando um cenário que praticamente remonta os tempos da ditadura militar. Antes da revista, mensagens de ameaça à não colaboração na operação são reproduzidas pelo exército por um auto falante.
Assim, parte-se do pressuposto que toda a periferia é criminosa, mesmo que reconhecidamente sendo majoritariamente composta por trabalhadores, parte-se do pressuposto que todo adulto ou criança que more nas ruas é extremamente perigoso e, no fim das contas, com exceção da classe média e da burguesia, dá-se um cheque em branco para o Estado perseguir, reprimir, controlar e inclusive exterminar quem bem entender.
 Thais Menezes é educadora social em São Paulo e militante do Espaço Socialista

domingo, 13 de novembro de 2011

O transbordo do copo de cólera - Entrevista com Michael Löwy

Juliana Sayuri - O Estado de S.Paulo
Quando era um jovem de 18 anos, estudante de ciências sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), ainda nos tempos da Rua Maria Antônia, ele assistia às conferências de Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, José Arthur Giannotti, Otávio Ianni e Paul Singer, mentores que o convidaram a participar do prestigiado núcleo de estudos de O Capital. Aos 26, pupilo de Lucien Goldmann e laureado sociólogo pela Sorbonne, em Paris, foi estudar hebraico num kibutz e lecionar história na Universidade de Tel-Aviv, em Israel. Aos 30, com o Maio de 68 sacudindo a França, recebeu (e aceitou) um convite para lecionar na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Em 1970, ainda longe dos 40, descobriu-se persona non grata no Brasil do general Médici, tornou-se um judeu paulistano sem passaporte brasileiro e se estabeleceu definitivamente em Paris para estudar Marx, Lukács e Guevara.
Estudantes em confronto com a PM na USP - ANDRE LESSA/AE
ANDRE LESSA/AE
Estudantes em confronto com a PM na USP
Agora, rejuvenescido aos 73, o sociólogo Michael Löwy anda entusiasmado com a volta dos estudantes às ruas brandindo livros de Marx e Walter Benjamin. "Não pode haver um movimento que não se refira às lutas, às vítimas, aos mártires e aos pensadores do passado porque nós nunca partimos do zero", diz. Objeto de estudo em As Utopias de Michael Löwy: Reflexões sobre um Marxista Insubordinado, de Ivana Jinkings e João Alexandre Peschanski (Boitempo, 2007), organizador de Revoluções (da mesma editora) e atualmente pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) de Paris, nas últimas semanas Löwy acompanhou o noticiário da ocupação (e a posterior desocupação) da reitoria da USP. Interpretou como "faíscas" o clamor dos estudantes contra a presença policial e os berros por liberdade para se fumar maconha no câmpus. "O que se passa é muito maior que isso. Há uma indignação com a ordem das coisas no mundo. Um sentimento de cólera. E, diante dessa percepção de injustiça, os estudantes têm um papel essencial, começando movimentos de protesto. Não podemos subestimá-los." A seguir, a entrevista que Löwy concedeu ao Aliás, por telefone, de sua residência na capital francesa.
Estudantes ocupando praças em Nova York, Madri, ruas em Santiago, a reitoria na USP. Estamos diante de um arrastão de rebeldia ou são episódios isolados?
Não são episódios isolados. São parte de um processo internacional que lembra os anos 1960. Quando há um sentimento de injustiça e insatisfação na sociedade, os estudantes são os primeiros a se organizar e a protestar. Agora, na maioria dos casos, seja na Europa, no Chile ou nos Estados Unidos, não são apenas estudantes. É a juventude em geral. Os estudantes naturalmente têm um papel importante, mas é um movimento bem mais amplo, ao qual vão se agregando outros grupos - desempregados, trabalhadores, sindicalistas. Torna-se algo muito plural. O que há de comum é a indignação. Essa palavra está servindo como um sinal de identidade dos protestos. Há uma indignação muito grande que pode estourar por com um pretexto mínimo. No caso de São Paulo foi uma intervenção policial na USP. Mas poderia ter sido outra faísca.
Indignação com o quê? No caso da USP, pode-se ter a impressão de que é com a impossibilidade de fumar maconha no câmpus.
É muito maior que isso. Há uma indignação com a ordem das coisas no mundo. Um sentimento de cólera - e cólera com alta qualidade ética e política. O começo de qualquer movimento ou mudança social sempre se dá com um estado de espírito indignado, a começar na juventude. E fácil de entender o porquê de tanta indignação. Estamos numa situação em que a ordem social parece cada vez mais irracional, promovendo desigualdades gritantes, promovendo os excessos do mercado financeiro, a destruição do meio ambiente. As razões para a indignação são evidentes. Têm a ver com o sistema. Por mais que comece com uma história de maconha e confronto com a polícia, acaba se transformando em um protesto antissistêmico. Em última análise, o objeto de indignação é o poder exorbitante do capital mostrando a sua irracionalidade e desumanidade. Muitas vezes, isso é formulado explicitamente nesses termos. Outras, não. Mas a questão está subjacente em todos os protestos recentes. Nós, sociólogos, precisamos tentar entender por que isso não começou mais cedo. Porque as razões para a indignação já existiam. Pelo jeito, foi necessário uma acumulação de descontentamento e um sentimento de que não é mais possível tolerar tal situação. E de que é preciso se revoltar, sabendo ou não se se conseguirá impor alguma mudança. Há um imperativo categórico de revolta, no sentido kantiano. Há coisas que você precisa fazer, mesmo sem ter certeza de em que vai dar. E quanto maior a participação ativa dos jovens, dos estudantes e de outros setores, cria-se uma relação de forças que pode pelo menos impor limites ao sistema e, sobretudo, criar uma tomada de consciência. Isso talvez seja o mais importante: a tomada de consciência. O Ocupe Wall Street não conseguiu arranhar o capital financeiro, mas despertou consciência crítica em grandes setores. Eis um evento importante. Histórico até.
Ocupações, greves e passeatas ainda são formas eficazes de protesto?
São as formas clássicas de protesto, que reaparecem sempre. Mas também há formas novas surgindo. Por exemplo, a comunicação através dos meios eletrônicos, como o Facebook e o Twitter, que permitem uma mobilização muito rápida. E as mobilizações de agora têm um caráter festivo, lúdico, com música, dança, festa, o que é próprio da expressão da juventude. O Facebook e o Twitter têm lugar importante, mas não é o caso de mitificá-los. Eles não bastam. Para que alguma coisa aconteça, você tem que sair de sua casa, descer à rua, reunir-se com outras pessoas, ir lá, brigar, protestar, talvez enfrentar a polícia. Então, o Facebook é um suporte, não vai substituir a ação direta das pessoas.
A juventude tem voz além do Facebook? Ela se sente representada politicamente?
Pouco, porque a representação política está nas mãos de setores sociais mais acomodados e de "mais idade". Os jovens não se sentem representados. Há uma grande desconfiança em relação aos partidos e às instituições políticas existentes. Há certo rechaço a isso, muitas vezes com razão. Uma atitude cética diante da política institucional. Mas isso não quer dizer que haja desinteresse por eventos políticos. No meu tempo de aluno da FFLCH, nos anos 50, poucos estudantes achavam necessário ou sentiam vontade de se engajar em organizações políticas. Havia politização, mobilização em torno de determinadas causas, mas atividade política organizada era para uma minoria. Tenho a impressão de que atualmente a politização e a militância política são maiores do que nos anos 50, mas menores do que nos 60 e 70, durante a ditadura militar.
E podemos interpretar os protestos como um grito por participação política?
Analisemos o caso do Chile, que teve o movimento mais amplo até agora. Não é só um grito, é um protesto em cima de uma questão concreta: a privatização do ensino público desenvolvida no governo Pinochet, que não foi mudada pelos governos de centro-direita ou centro-esquerda que o sucederam. Trata-se de uma questão que concerne a todos os estudantes: o quase desaparecimento do ensino público gratuito, os preços exorbitantes da educação. E isso se coloca também no Brasil, na Inglaterra. Por toda a parte há essa tendência de transformar a educação em mercadoria, em indústria que deve dar lucro. E assim vai desaparecendo a educação pública gratuita, que era uma conquista de muitos anos de luta. O protesto dos estudantes chilenos começou criticando a privatização do ensino e depois tomou um caráter mais amplo, porque eles perceberam que os problemas na educação são parte de uma orientação geral de um sistema neoliberal. Notaram que esse modelo de educação é inseparável de questões maiores e, assim, o movimento ganha apoio de outros setores da sociedade.
A ideia de autonomia universitária está sendo colocada em xeque?
Autonomia universitária significa que o papel da universidade é transmitir conhecimento, cultura, ciência - e não mercadorias. Quando o papel do ensino se resume a permitir que estudantes adquiram um diploma, ou a prepará-los para encontrar um posto a serviço do management, do marketing, perde-se a qualidade humana, cultural e pedagógica da universidade. As universidades estão se tornando meras empresas voltadas para a produtividade, a racionalidade instrumental mercantil. E, obviamente, boa parte dos estudantes e professores resiste a isso, defende o estatuto da universidade como lugar de produção de cultura e conhecimento, com autonomia em relação ao mercado, à economia e às empresas.
No caso da USP, os estudantes se tornaram massa de manobra de partidos e sindicatos?
Não, pelo contrário. Há uma relação de desconfiança dos estudantes em relação aos sindicatos e sobretudo aos partidos. Uma parte do movimento sindical, geralmente a parte mais radical, se aproxima do movimento estudantil em busca de aliança. Mesmo que haja certo interesse dos jovens nessa aliança, ela não se dá com facilidade, porque os objetivos dos sindicatos são mais limitados. Os ritmos não são os mesmos, a cultura política não é a mesma. Então, há uma diferença que dificulta essa aliança. Mas, para os estudantes, é importante conseguir criar uma situação em que os sindicatos resolvam participar da mobilização. Isso tem acontecido no Chile, na Espanha, na Grécia, nos EUA. Longe de serem manipulados pelos sindicatos, esses movimentos de protesto têm grande autonomia. Eles buscam estabelecer a aliança, mas não no sentido de se tornarem apêndice dos sindicatos. Com os partidos políticos é mais complicado, porque a desconfiança é maior. Não há um único partido que controle ou manipule esses movimentos mundo afora.
Ao serem presos, estudantes da USP brandiam livros de Marx, Foucault e Walter Benjamin, imagens de Mao e Che Guevara. Essas referências continuam atuais?
É normal que cada vez que apareça um movimento de crítica antissistêmica as pessoas se refiram a personagens e pensadores que já exprimiram essa crítica. Então, Marx aparece como referência importante, porque ele foi o primeiro a elaborar uma crítica radical do sistema capitalista. Em muitos pontos, essa crítica é até mais atual hoje do que na época em que ele a escreveu. Fico feliz de saber que há estudantes que se referem ao pensamento desses autores. Benjamin tem uma reflexão profunda sobre o que é a modernidade capitalista, a ideologia do progresso. Ele dá elementos que Marx não dava. Guevara também é importante, sobretudo, como homem de ação e símbolo do compromisso ético com os ideais de libertação e emancipação. Tudo isso é necessário. Não pode haver um movimento, qualquer que seja, que não se refira às lutas, às vítimas, aos mártires e aos pensadores do passado, porque nós nunca partimos do zero. Mas, evidentemente, isso não basta. Precisamos também pensar com novos instrumentos teóricos para dar conta das questões que estão aparecendo neste começo do século 21. Por exemplo, a catástrofe ecológica que está se perfilando. Ela precisa de uma reflexão atual, utilizando elementos teóricos mais atualizados.
O sr. é um estudioso das revoluções dos séculos 19 e 20. Qual foi o papel dos jovens e estudantes nelas?
Depende, porque as revoluções são diferentes entre si. Em geral se pode dizer que a juventude sempre jogou um papel importante em qualquer movimento revolucionário. É uma constante. Movimentos revolucionários são levados por jovens, muitas vezes. Agora, se são estudantes ou não, isso depende da época, do país. Na Revolução Russa os estudantes não tiveram muito espaço. Na Revolução Cubana, sim. O Maio de 1968 em Paris foi um movimento totalmente estudantil. E um dos gatilhos foi a invasão da Sorbonne pela polícia. Na França, ainda hoje, a polícia entra raramente na universidade. Justamente porque se sabe que há o estatuto de autonomia das universidades e intervenções policiais provocam a reação dos estudantes. A polícia simboliza o autoritarismo do Estado contra a juventude, contra os estudantes. Esse choque com a polícia é frequente e, em certas circunstâncias, se transforma na faísca que mencionei antes, a que faz um protesto eclodir. Não podemos subestimar o papel dos estudantes nas revoluções.
Os da USP foram chamados de bichos grilos de grife, filhinhos de papai, rebeldes sem causa, maconheiros mimados... Como o sr. avalia esse tipo de tratamento?
Qualquer questionamento da ordem sempre é ridicularizado. Agora, sobre os estudantes serem meninos ricos... É uma mitificação, porque a maioria deles é de origem popular. Não são filhos de latifundiários, como eram os estudantes de antes da 2ª Guerra Mundial. Hoje em dia, a educação se tornou mais popular. Sobre a maconha: na minha opinião, não há razão para transformar o consumo de maconha em assunto de polícia. A maconha não é nem melhor nem pior do que o tabaco e a cerveja e tem um caráter bem diferente das drogas mais perigosas, como cocaína e crack. Então, essa reivindicação de descriminalizar o consumo da maconha me parece bastante razoável. Mas isso foi só um pretexto, porque em cima do tema se armou uma briga e, quando se manifestou o autoritarismo da polícia e do governo, aí assim o protesto cresceu. Muitos estudantes que aderiram à manifestação não o fizeram devido à questão da maconha e sim devido à repressão indiscriminada e arbitrária sobre alunos.
A sociedade brasileira clama por ordem?
Não é a sociedade em seu conjunto que se volta contra os estudantes com esse discurso de ordem e repressão. É a imprensa e os representantes da ordem e do governo. Eu me pergunto se parte da população não simpatiza com esses protestos da USP. Pelo menos foi o caso em outros países onde protestos dos jovens e estudantes se tornaram a expressão de um grande movimento popular. Não estou dizendo que isso vá acontecer já no Brasil, mas não há essa dicotomia entre jovens e estudantes de um lado e o restante da sociedade do outro. Essa separação é do interesse da classe dominante, dos governantes mais reacionários, como tentativa de mobilizar a população contra os estudantes.
O governador Geraldo Alckmin disse que os estudantes da USP precisavam de uma aula de democracia...
Nós sabemos que no Brasil não há nada mais democrático do que a Polícia Militar (risos). Ela tem uma tradição de várias dezenas de anos de democracia, não é? Democracia do cassetete - que não acho que deva ser a forma mais avançada de democracia. Não deve ser muito sério o argumento do sr. Alckmin. Uma intervenção policial brutal não tem nada de democrático.
Alguns autores contemporâneos, como o irlandês John Holloway, valorizam a articulação dos novos movimentos. Ao contrário do que dizia Marx, agora é possível mudar o mundo sem tomar o poder?
Holloway me deu o livro dele e pediu para que eu fizesse uma resenha, sabendo que eu iria criticá-lo. O livro Mudar o Mundo sem Tomar o Poder tem muitas ideias interessantes e toda a crítica que ele faz ao sistema me parece muito profunda. Mas acho que a proposta dele não faz sentido, porque qualquer ação social e política inevitavelmente implica uma forma de poder ou de contrapoder. O que se coloca é garantir que esse poder seja efetivamente democrático. O movimento, ele mesmo, tem formas de poder, de organização e de gestão democrática. Protesto, revolta e revolução, tudo isso não pode existir se não houver uma organização de uma forma de poder. Não podemos contornar a questão do poder, porque na política não existe vazio. A necessidade é que esse poder seja democrático. Essa é a resposta.
No livro Revoluções, o sr. destaca como os revolucionários muitas vezes são vencidos pela história. Os estudantes de hoje serão vencidos?
Não posso dizer. Mas podemos já constatar, nos países árabes concretamente, que esses movimentos de protestos da juventude não foram vencidos. Eles derrubaram duas ditaduras sinistras, na Tunísia e no Egito, com uma mobilização desarmada. Não estou dizendo que isso será uma regra, mas mostra que não há nenhuma fatalidade. As revoluções são sempre imprevisíveis, acontecem onde ninguém espera.
SOCIÓLOGO E PESQUISADOR DO CENTRE NATIONAL DE LA RECHERCHE SCIENTIFIQUE (CNRS), DE PARIS

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Nota da reunião de pós-graduandos da FFLCH-USP sobre a Ocupação

Prezados estudantes, funcionários e professores, No dia 03/11/2011, aproximadamente 100 alunos da pós-graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP nos reunimos para debater a a crise que resultou da atuação da Polícia Militar no campus do Butantã.A reunião foi convocada por iniciativa de alguns estudantes de pós-graduação da USP, marcadamente da Faculdade de Filosofia, que consideravam urgente a necessidade de ampliar o debate em torno da política de segurança da Universidade, particularmente depois da temerária atuação da Polícia Militar na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas no dia 27 de outubro de 2011, quando depois de realizar revistas sistemáticas durante todo o dia, a PM autuou dois estudantes que fumavam maconha.   Na reunião, debatemos diversas questões relativas aos últimos acontecimentos: atuação da Polícia Militar, a atuação dos advogados que intercederam pelos estudantes no dia da abordagem aos alunos da FFLCH, a ocupação e desocupação do Prédio da Administração da FFLCH, o pronunciamento da Congregação da FFLCH de 31 de outubro, o andamento das Assembleias Gerais dos estudantes, a ocupação da reitoria e condições da reintegração de posse da mesma. Realizamos, também, diversas avaliações que ponderavam sobre a necessidade e importância da atuação dos alunos de pós-graduação, apontando temas como: a atual divisão interna do movimento estudantil entre o DCE e o movimento de ocupação; o problema da autonomia universitária; as consequências do  fechamento da cidade universitária à comunidade; a questão da desmilitarização da polícia e da descriminalização das drogas; a necessidade de melhores argumentos para dialogar com a sociedade sobre o tema da segurança e de propostas de melhoria na segurança da USP; a presença da repressão e de uma política manicomial no CRUSP; a existência de processos e perseguição política na USP, bem como de assédio moral contra funcionários e estudantes; a necessidade de uma reorganização da Associação dos Pós-Graduandos-da USP, campi da Capital (APG-USP/Capital). As deliberações relativas às pautas debatidas resultaram nas seguintes posições:- 

- Pela retirada imediata dos processos de perseguição política na USP.
- Por uma saída negociada da ocupação da reitoria: SEM MAIS VIOLÊNCIA.
- Pela suspensão do Convênio USP/PM e debate com a comunidade sobre melhoria da segurança.
- Criação de uma Comissão de Esclarecimento e Informação sobre os últimos eventos.                 


Tendo em vista as questões supracitadas e a necessidade de um posicionamento da pós-graduação em relação aos últimos eventos decidimos convocar uma Assembleia de Pós-Graduandos da USP/Capital para a próxima Quinta-Feira, 10/11/2011, às 18hrs na sala 108 do Prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, com o indicativo de tirarmos um calendário de debates para as próximas semanas,
Atenciosamente,

Estudantes de pos-graduação da FFLCH reunidos no dia 03 de Novembro de 201

domingo, 6 de novembro de 2011

O movimento estudantil pega fogo na Amazônia

Por
Felipe Milanez (Carta Capital 06/11/2011

Os professores da Universidade Federal de Rondônia (Unir) estão assustados. Desde a prisão do professor de história Valdir Aparecido de Sousa, em 21 de outubro, por policiais federais à paisana, em cenas de truculência que circularam em um vídeo na internet(ASSISTA), os professores grevistas evitam se expor. Sousa está solto, em liberdade provisória, mas precisa seguir uma série de determinações imposta pela Justiça, como não se reunir com os grevistas.
Segundo os policiais, ele era suspeito de ter jogado uma bomba durante a confusão (até agora, sem provas nem acusação formal). Junto do professor de história, foi levada uma câmera de outro professor, de biologia, que filmava e fotografava a confusão – algumas cenas mostram um dos policias com arma em punho em meio a estudante e professores. A câmera foi, depois, recuperada, mas o biólogo decidiu se afastar por um tempo da cidade de Porto Velho, temendo represálias.
A greve na Unir, que já dura cerca de dois meses, não tem data para acabar e deve virar o ano. As negociações estão emperradas. Alunos e professores estão unidos contra o reitor  José Januário de Oliveira Amaral. Alguns afirmam estar sendo seguidos pela cidade e sofrendo intimidações.
A reportagem falou com um dos professores do Comando de Greve, que pediu para não ser identificado. “Alguns professores tem procurado dormir em locais diferentes para não sofrer nem um atentado”, afirma. “O negócio aqui tá feio”.
O que está acontecendo na UNIR?
A Universidade Federal de Rondônia tem 29 anos e 7 campi. Segundo o professor grevista, sua história está marcada por intervenção e manutenção de um mesmo grupo no poder, o atual reitor está na reitoria há 9 anos, e sua gestão é marcada pela falta de pragmatismo e conselhos submissos aprovando sua decisões através de Ad referendum.
Estrutura da faculdade está penosa. Foto: Narcísio Costa Bigio/Divulgação
A partir disso, na visão dos grevistas, ele teria uma crise de confiança na Administração Superior, os professores que apoiam o Reitor são favorecidos, as verbas e vagas de docentes oriundas do REUNI são utilizadas através de manobras políticas para favorecer os amigos. Com isso a Universidade não se estruturou corretamente para executar a sua função, que é disponibilizar um acesso à educação de qualidade. Os professores necessitam comprar os equipamentos básicos para dar aula, e até brigar com colegas para ter acesso a uma sala de aula para lecionar.
Muitos professores, cansados de brigar por condições básicas de trabalho, saem da UNIR, ou passam em outro concurso, ou conseguem transferência por apresentarem problemas psicológico ou por sofrerem ameaças depois de denunciar as irregularidades no Ministério Público.
Para exemplificar os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Alimentos, Engenharia Florestal, Agronomia, Veterinária não abriram vagas no último vestibular por falta de salas de aula.
Outro problema é a Fundação de Apoio da Universidade, Fundação Riomar, que tem as suas contas bloqueadas e está sendo investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), mesmo o Reitor sabendo das denúncias de desvio não fez nada para sanar os problemas, e vários projetos de Professores da UNIR foram inviabilizados ou encerrados devido aos enormes desvios. Segundo a nota do Ministério Público existe a possibilidade do Januário estar envolvido.
Além disso, na última semana o laudo técnico do corpo de bombeiros diz que o campus de Porto Velho apresenta risco de vida aos alunos e professores.”
Quase dois meses
A universidade está em greve há 49 dias e o prédio da Reitoria está ocupado pelos estudantes há 28 dias.
Pátio na universidade: construção ou ruína? Foto: Narcísio Costa Bigio/Divulgação
As reivindicações básicas são: limpeza nos campi, contratação de professores e de técnico-administrativos, construção de laboratórios, construção de Restaurantes Universitários, Hospital Universitário, implantação do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), transparência nas ações administrativas e prestação de contas sobre os recursos repassados para os projetos especiais como REUNI e FINEP.
E a principal é o afastamento do Reitor, já que, para os estudantes e funcionários, o mesmo não possui condições éticas nem administrativas de continuar no cargo, tampouco possui legitimidade entre os professores e alunos para continuar no cargo.
CartaCapital: Quais os entraves nas negociações?Professor: Em 2008, na gestão anterior do atual Reitor, assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no qual se comprometia em resolver os mesmos problemas que a UNIR sofre hoje.
Carteiras guardadas com entulho. Foto: Narcísio Costa Bigio/Divulgação
Mesmo com as promessas de 2008, três anos depois os professores e alunos resolveram tentar negociar com o reitor, que respondeu aos comandos de greve que já tinham 95% das reivindicações resolvidas ou sendo resolvidas. Resolvemos então que só negociaríamos com o MEC e pedimos o afastamento imediato do José Januário do Amaral.
Porém mesmo com a vinda do Secretário do Ensino Superior, Professor Luiz Claúdio Costa, o MEC não concordou com o afastamento sem antes fazer um processo de sindicância, os Professores e alunos não concordam com a maneira que o MEC resolveu conduzir, pois acreditamos que as denúncias feitas no relatório de mais de 1.500 páginas que contém provas de improbidade administrativa, má gestão do recurso público, favorecimento de amigos, parentes e empresas, concurso públicos com nomeações irregulares e não comprimento das determinações feitas pelo Ministério Público, tudo isso cabe o afastamento imediato do reitor.
Hoje a população, os deputados federais, senadores, Assembleia Legislativa de Rondônia e outras organizações apoiam a greve, porém o atual Reitor diz que não se afasta e tem como apoiador direto o senador Valdir Raupp (presidente nacional do PMDB), dizendo que a melhor solução para o impasse seria os professores aceitarem o pedido de afastamento por férias de 30 dias e adiantamento da eleição para reitor para o final de 2012.

CC: Houve algum ato de violência ou que o comando de greve considera repressivo?
Professor:
 Nesses 50 dias de greve, ocorreram diversos atos de violência e intimidação. Oito deles listados abaixo.
O primeiro ato de violência ocorreu no dia 29 de setembro, logo depois da saída de representantes do comando de greve da entrevista dada ao Programa Rede de Opiniões da REDE TV RO, um carro não identificado jogaram bombas em direção dos grevistas.
O segundo ato de violência foi contra a um dos lideres do movimento estudantil que teve o vidro do seu carro quebrado e nada furtado durante uma manifestação no prédio da reitoria.
O terceiro ato: o Reitor não recebeu os alunos e professores durante assembleia que foi cancelada, a entrada do prédio ficou tomada de agentes da Policia Federal impedindo a entrada.
O quarto ato: membros do comando de greve estão sendo seguidos, nos seus percursos da casa a UNIR.
Um quinto ato de violência é a intimidação: alguns professores tem procurado dormir em locais diferentes para não sofrer nem um atentado.
Sexto ato: em 21 de outubro, um professor de História, Valdir Aparecido de Sousa, foi preso pela Polícia Federal de forma totalmente arbitrária, como foi mostrado num vídeo (ASSISTA AQUI)
Ainda, um sétimo ato documentado: em 24 de outubro, em uma coletiva, o reitor chamou os professores grevistas de vagabundos e os alunos de bandidos, e, por fim, o oitavo ato de retaliação: a Reitoria esse mês não irá pagar as bolsas dos alunos alegando que não puderam fazer a folha já que a reitoria está ocupada, porém o sistema é virtual é pode ser feito de qualquer computador.
CC: A universidade e a educação estão sendo beneficiadas pelos investimentos nas usinas do rio Madeira e o investimento no Estado?
Professor: As Usinas do Madeira tentaram e alguns laboratórios começaram a funcionar através da parceria feita pela UNIR e Usina de Santo Antônio e Jirau. Vários bolsistas, graduados e pesquisadores participam de atividade de pesquisa. Porém a Fundação Riomar, que seria a responsável de repassar as verbas, começou a desviar os recursos e muitos projetos foram suspensos devido à falta de recurso que não foram repassados.
O estado vem auxiliando através de emendas parlamentares, porém os recursos não foram destinados corretamente, como por exemplo o hotel escola criado em Guajará-Mirim que nunca funcionou.