Pochmann: Pobres que trabalham e estudam têm jornada maior que operários do século XIX
por Fernando César Oliveira, site da UFPR
O economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), classificou ontem à noite em Curitiba como “heróis” os brasileiros de famílias pobres capazes de conciliar o trabalho com o estudo.
“No Brasil, dificilmente um filho de rico começa a trabalhar antes de terminar a graduação ou, em alguns casos, até mesmo a pós-graduação”, observou Pochmann.
“Os brasileiros pobres que estudam e trabalham são verdadeiros heróis. Submetem-se a uma jornada de até 16 horas diárias, oito de trabalho, quatro de estudo e outras quatro de deslocamento. Isso é mais do que os operários no século XIX.”
O presidente do Ipea foi um dos palestrantes na abertura da terceira edição do Seminário Sociologia & Política, ao lado da professora Celi Scalon (UFRJ), no Teatro da Reitoria da UFPR. “Repensando Desigualdades em Novos Contextos” é o tema geral do seminário. Promovido pelos programas de pós-graduação em Sociologia e em Ciência Política da instituição, o evento termina nesta quarta-feira (28).
Pochmann lembrou que o Brasil levou cem anos, desde a proclamação da República, em 1889, para universalizar o acesso das crianças e adolescentes ao ensino fundamental. “Mas esse acesso foi condicionado ao não crescimento dos recursos da educação, que permaneceram em torno de 4,1% ou 4,3% do PIB. Sem ampliar os recursos, aumentamos as vagas com a queda da qualidade do ensino.”
Essa universalização do ensino fundamental, no entanto, não significa que 100% dos brasileiros em idade escolar estejam estudando. Segundo dados apresentados pelo dirigente do Ipea, ainda existem 400 mil brasileiros com até 14 anos fora da escola. Se essa faixa etária for estendida para 16 anos, a cifra salta para 3,8 milhões de pessoas.
“A cada dez brasileiros, um é analfabeto. E ainda temos cerca de 45% analfabetos funcionais. É muito difícil fazer valer a democracia com esse cenário.”
Em sua fala, Marcio Pochmann também abordou temas como a redução da taxa de fecundidade das mulheres brasileiras, o crescimento da população idosa, o monopólio das corporações privadas transnacionais e a concentração da propriedade da terra.
“O Brasil não fez uma reforma agrária, não democratizou o acesso à terra. Temos uma estrutura fundiária mais concentrada do que em 1920, com o agravante de que parte dela está nas mãos de estrangeiros”, afirmou o economista. “De um lado, 40 mil proprietários rurais são donos de 50% da terra agriculturável do país, e elegem de 100 a 120 deputados federais. De outro, 14 milhões trabalhadores rurais, os agricultores familiares, elegem apenas de seis a dez deputados.”
Para Marcio Pochmann, a desigualdade é um produto do subdesenvolvimento. “Não que os países desenvolvidos não tenham desigualdade, mas não de forma tão escandalosa.”
Nem revolucionário, nem reformista
Segundo o presidente do Ipea, a participação dos 10% mais ricos no estoque da riqueza brasileira não mudou nos últimos três séculos. Permanece estacionada na faixa percentual em torno de 70 a 75%.
“Somos um país de cultura autoritária, com 500 anos de história e menos de 50 anos de vivência democrática. O Brasil não é um país reformista e muito menos revolucionário”, sentencia Pochmann. “A baixa tradição de uma cultura partidária capaz de construir convergências nacionais nos subordina a interesses outros que não os da maioria da população.”
Marcio Pochmann afirmou que os ricos não pagam impostos no Brasil. “Quem tem carro, paga IPVA. Quem tem lancha, avião ou helicóptero, não paga nada. E o ITR [Impost o Territorial Rural] é só pra inglês ver”, exemplificou. “Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”
Um estudo do Ipea teria demonstrado que os moradores de favelas pagam proporcionalmente mais IPTU do que os brasileiros que vivem em mansões. “Quem menos paga é quem mais reclama de imposto. Tanto que impostômetro foi feito no centro rico de São Paulo.”
Pochmann observa que o tema das desigualdes não gera manifestações, não gera tensão. “Não há greve em relação às desigualdades.”
Trabalho imaterial
Na avaliação de Márcio Pochmann, a sociedade mundial está cada vez mais asse ntada no que ele chama de “trabalho imaterial”, associado a novas tecnologias de informação, como aparelhos celulares e microcomputadores. “O trabalhador está cada vez mais levando trabalho pra casa.”
Essa sociedade do trabalho imaterial, conforme o dirigente do Ipea, pressupõe uma sociedade que tenha como principal ativo o conhecimento. “Pressupõe o estudo durante a vida toda, e o ensino superior apenas como piso.”
Pochmann criticou ainda a forma como a comunidade acadêmica tem tratado o tema das desigualdades no país. “O tema tem sido apresentado de forma muito descritiva e pouco de enfrentamento real e efetivo. Em que medida a discussão está ligada a intervenções efetivas, a políticas que possam de fato alterar a realidade como a conhecemos?”
Na avaliação dele, a fragmentação e a especialização das ciências sociais aprofundariam o quadro de alienação sobre o problema das desigualdades.
"Numa sociedade que elimina toda aventura, a única aventura que resta é a de eliminar a sociedade"
ResponderExcluirSó essa primeira frase já é uma testemunha fiel do lixo que é a Esquerda, que hoje é apenas um conglomerado de lunáticos saudosista de uma época que já acabou, e cujo pastor máximo Karl Marx foi um dos maiores charlatães que a História já viu. O seu vitimismo de novela mexicana é absurdo. O sujeito é pobre,mal tem condições de comer, aí se junta com ua mulher, faz nela 4 filhos, não tem como sustentar a famíli, tgem que e virar pra viver e a culpa agora é do capitalismo.
SE, e somente Se o Estado e retirasse de asfixiar as empresas com pesadíssimos impotos, e por extensão, os cidadãos, já que elas repassam as cobranças estatais na forma de aumento de preços, aí teríamos muito, mas muito mais pobres com acesso ao capitalismo, a produtos e serviços que lhes facultariam um inegável melhora da qualidade de vida, por que a concorrência seria grandemente estimulada com a consequente queda nos preçose melhora da qualidade dos serviços e produtos, caso o empresário quisesse continuar com clientes e não quebrar.
Mas o vitimismo de Equerda é idiota demais. A vida é feita de escolhas, ninguém pode se responsabilizar pelas escolhas do outro.Se o cara é pobre, não é por causa do capitalismo, mas por diversos fatores outros que o deixaram na condição de pobre. A humanidade nasceu sem recurso algum, a não ser caçar e coletar o que já tinha na natureza.Ou seja, era uma condição comum a humanidade que o capitalismo transformou, dando a todos a oportunidade de empreender e melhorar suas condições de vida.Como dizia Ferreira Gular, o capitalismo é inerente à natureza humana, todos nós somos individuaistas. Não há nada de errado nisso, primeiro temos que cuidar cada um de si, de sua sobrevivência para, se tiver condições e assim o quiser, poder ajudar ao próximo.Se a única coisa que eu tiver for um pão para matar minha fome, não tem por que eu deixar de me alimentar para alimentar outra pessoa. SE eu entender que apenas com metade do pão eu poderei matar minha fome, então é por que a outra metade se transforma em excedente, assim se eu quiser, posso dividir ela com oputra pessoa.